segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


 

 

PLATÃO, Apologia de Sócrates. Tradução Jean Melbille. 1. Reimp. São Paulo. Martin Claret, 2004. Pag.(57- 90)

 

 

 

Apologia de Sócrates

 

“[...] cidadãos atenienses, [...]; o fato de eles discursarem com tanta convicção fez-me esquecer de mim mesmo”. [...] Ficar alertas para não serdes enganado pela minha habilidade de orador. [...] O mérito é dizer a verdade. ’’ p. 57-58

 

 

“[...] Porque muitos de meus acusadores tem vindo ate vos há já bastante tempo,[...]. Mais temíveis porem são os primeiros , senhores, os quais tomando a maior parte de vós, desde crianças, vos persuadiam e me acusavam falsamente,[...].

[...] Ora bem, cidadãos atenienses, devo me defender-me e empenhar-me em eliminar da vossa mente, em tão breve hora, a má opinião acolhida por vós durante longo tempo. [...]’’ p. 58-59

 

 

“[...] O que diziam os caluniadores ao caluniar-me. [...] Ata da acusação, Sócrates comete crime, investigando indiscretamenteas coisas terrenas e as celestes, e  tornando mais forte a razão mais débil, e ensinando aos outros.

[...] Perguntai-vos uns aos outros se qualquer de vós me ouviu tocar nesses assuntos, por pouco que fosse, e então reconhecereis que tais são, do mesmo modo, as outras mentiras que dizem de mim. ’’ p. 59-60

 

 

“Na realidade, nada disso tem fundamento, e, se tendes ouvido de alguém que eu instruo dinheiro com isso, também não é verdade”.

[...] No entanto o que é certo é que também eu me sentiria altivo e orgulhoso, se soubesse tais coisas; o fato é cidadãos atenienses, que não sei. ’’ p. 60-61

 

 

“[...] Ouve-me. Talvez possa parecer a alguns de vós que eu esteja gracejando; entanto não tenhais dúvida, eu vos direi toda a verdade. Porque eu, cidadãos atenienses, se conquistei esse nome, foi por alguma sabedoria.

Que sabedoria é essa? Aquela que talvez, propriamente, a sabedoria humana. É em realidade, arriscando se sábio nela: aqueles de quem falávamos ainda há pouco seriam sábios de uma sabedoria mais que humana, ou não sei dizer, pois certamente a desconheço. [...] p. 61

 

 

“Avaliai bem a razão por que digo isso: estou para demonstrar-vos de onde nasceu a calúnia. [...]Fui a um daqueles detentores da sabedoria, com a intenção de refutar, sem duvida, com tais provas, opor-lhe a minha resposta: Este é mais sábio que eu, enquanto tu dizias que sou eu o mais sábio.[...]Procurei demonstra-lhe demonstrar-lhe que ele parecia sábio sem ser.Daí veio o ódio dele e de muitos dos presentes contra mim.[...]” p. 62

 

 

“Depois prossegui sem mais me deter, embora vendo, amargurado e temeroso, que estava sendo odiado; mas, também, me parecia dever dar mais valor à resposta do Deus. [...] E então cidadãos ateniense, já que é preciso dizer averdade, me aconteceu o seguinte:procurando segundo o critério do Deus, pareceu-me que os que tinham mais reputação eram os mais desprovidos, os outros, considerados ineptos, eram homens mais capazes, quanto à sabedoria. [...] agora, cidadãos atenienses, eu me envergonho de vos dizer a verdade; também devo manifestá-la. [...]” p. 62-63

 

 

“[...] Outros poetas realmente, eram dotados de conhecimentos que eu não tinha e eram muito mais sábios do que eu.[...] Assim, eu ia interrogando a mim mesmo, a respeito do que disse o oráculo,se devia permanecer como sou, nem sábio, nem ignorante como eles.[...]” p. 63-64

 

 

“[...] Por isso, ate agora procuro e investigo segundo a vontade do Deus, se algum dos cidadãos e dos forasteiros me parece sábio; e, quando não, indo em auxilio do Deus, demonstro-lhe que não é sábio.[...]Sócrates introduzindo parte para sua defesa, respondendo à duasacusações distintas.A primeira, mais antiga e ampla(temendo mais esta do que asegunda) e a segunda, atual, feita por três acusadores presentes no tribunal. Entre estes, surgiram-se contra mim Meleto, Anito e Líncon. [...]” p. 64-65

 

 

“[...] Sendo “a mais antiga”, a primeira, um compêndio de queixas contra sua conduta queforam acumuladas através dos anos, na qual é tido como um criminoso por conta desuas “visões” difundidas. [...]” p. 65-66

 

 

“[...] Declarando tais acusações proferidas falsas, defende-se citando acomédia de Aristófanes. [...] As Nuvens, na qual diz poder andar pelo ar, o que não contribuiu muito para sua, já, má reputação.

[...] Ainda dizia-se, outro rumor, que este investigava matérias sobrenaturais, da qual sedefendeu dizendo nunca ter se interessado por ciências práticas(apesar de admirar físicos, não considerando-os maldosos em seu trabalho) e sim que suas maiores preocupações versavam sobre a conduta moral e a felicidade da alma.[...]” p. 66-67

 

 

“[...] Depois de dito isto, concentra-se em acusações mais específicas por Meleto, seu principal acusador, interrogando-o sobre a acusação de que seria um demônio, um ateu que procurava criar os seus deuses. Fazendo-o de forma simples e direta, faz com que Meleto confunda seu próprio discurso, tornando-se evidente, para todos os presentes no tribunal, que este não tinha formulado bem suas acusações e nem seus possíveis desdobramentos. [...]Meleto confunde-se novamente ao parecer acusar Sócrates de ser ateu, como de inventar novos deuses. [...]” p. 67-68

 

 

“[...]Feito isto, eu parto para outro importante questionamento, julgando o próprio que deveria alterar seu estilo de investigação e ensino para com que afastasse sua execução.[..] Comparando sua situação com seu comportamento notório em campos de batalha, em tempos que servia o exército, assim sendo julga a morte preferível a desgraça, escolhendo viver de acordo com seus ideais e deuses, do que fazer o contrário e descumprir a sua missão de filósofo. [...]” p. 68-69

 

 

“[...] Tendo que a verdadeira desgraça seria descumprir tudo o que acreditava, desobedecendo aos deuses, para salvar sua própria existência,tem como caminho escolhido, aquele que o conduziria à verdade, à sabedoria e ao“maior aperfeiçoamento da alma. [...] Assim, não desonrando seus princípios,jamais faria outra coisa, ainda que houvesse mil vezes e aos Atenienses dizendo que oabsolvam ou não, mas que por certo não. [...]” p. 69-70

 

 

“[...]Ainda diz aos seus discípulos, àqueles que se sentissem corrompidos, que se juntassem a Meleto e Anito no dia de sua acusação. [...] Porém, entre seus alunos estavam os seusmelhores amigos e defensores, visto que vários estavam ali em seu favor e assistência. [...] p. 70-71

 

 

“[...] Mas, apesar deste tipo de assistência, recusava a presença de sua família, por julgar quea simpatia desta poderia “ajudá-lo” na opinião dos juízes(como uma forma deconcorrência desleal), tendo como única verdade a sua defesa.[...]” p. 71-72

 

 

“[...] Surpreendido com tantos votos a seu favor, após o fim de seu discurso,tantosvotos que poderia propor pena alternativa segundo as leis ateniensesmultas, ostracismo, etc.[...] Prefere, e acaba por requerer ao tribunal, que lhes apresente uma sentença naqual seja alimentado pelo estado, rejeitando as óbvias penas alternativas, visto quededicou a sua vida à educação dos jovens e ao serviço público. [...] p. 72-73

 

 

“[...] Mesmo se me dissésseis; Sócrates, agora não damos crédito a Anito, mas te absolveremos, contanto que não te ocupes mais dessas tais pesquisas e de filosofar, porque, se fordes apanhado ainda a fazer isso, morrerás; se, pois, me absolvêsseis sob tal condição, eu vos diria. [...] Cidadãos atenienses, eu vos respeito e vos amo, mas obedecerei aos deuses em vez de obedecer a vós e enquanto eu respirar e estiver na posse de minhas faculdades, não deixarei de filosofar e de vos exortar ou de instruir cada um, quem quer que seja que vier à minha presença. [...]” p. 73-74

 

 

 

“[...] È possível que vós, irritados como aqueles que são despertados quando no melhor do sono, repelindo-me para condescender com Anito, levianamente me condeneis à morte, para dormirdes o resto da vida, salvo se o Deus, pensando em vós mandar algum outro. [...] Que eu seja um homem cujaqualidade é de ser um dom feito pelo Deus a cidade, podereis deduzir o seguinte: não é natural do homem eu ter descuidado das minhas coisas, resignando-me por tantos anos a me descuidar dos negócios domésticos para acudir sempre aos vossos, aproximando-me sempre de cada um de vós em particular como um pai ou um irmão velho, persuadindo-vos a vos preocupardes com a virtude.[...] p. 74-75

 

 

 

Poderia talvez parecer estranho que eu, andando daqui para lá, me cansasse dando em particular esses conselhos, e depois, em público,não ousasse, subindo diante do vosso povo, aconselhar a cidade. [...] A causa disse é a que em vaias circunstâncias eu vos disse muitas vezes: a mim me acontece qualquer coisa de divino e demoníaco; isso justamente Meleto escreveu também no ato da acusação zombando de mim. [...]”p. 75-76

 

 

“[...] Disso vos poderei dar grandes provas, não palavras, mas o que prezei: fatos. Ouvi, pois, de minha boca, o que me aconteceu, para que não saibais que não há ninguém a quem eu tenha feito concessões com desprezo da justiça e por medo da morte; e que, ao mesmo tempo, por essa recusa de toda concessão deverei morrer. Dir-vos-ei talvez coisas comuns, masverdadeiras. [...] E, embora osoradores estivessem prontos a me acusar e me prender, e vós os encorajásseis vociferando,mesmo assim, achei que me convinha mais correr perigo com a lei e com o que era justo, do que,por medo do cárcere e da morte, estar convosco, vós que deliberáveis o injusto.[...]” p. 76-77.

 

 

 

“[...] Cidadãos atenienses, eu já vos disse toda a verdade: é porque tomam gosto em ouvir examinar aqueles que acreditam ser sábio e não o são; não é de fato coisa desagradável. E,como disse, foi o deus que me ordenou a fazê-lo, com oráculos, com sonhos, e com outros meios,pelos quais algumas vezes a divina a vontade ordena a um homem que faça o que quer que seja.[...]Tudo isso, cidadãos atenienses, é verdade e fácil de provar. Com efeito, suponhamos que, entre

os jovens, há alguns que estou corrompendo e outros que já corrompi: seria aparentemente inevitável que alguns destes, quando tiveram mais idade, compreendessem que eu lhes tinha alguma vez aconselhado uma ação má - e hoje deveriam estar aqui para me acusar e vingar-se de mim.[...]” p.77-78

 

 

 

“Assim seja, ó cidadãos: é mais ou menos isso que eu poderei dizer em minha defesa ou qualquer coisa semelhante”. Provavelmente, porém, algum de vós poderá ficar encolerizado, recordando-se de si mesmo. Sustentou-se uma contenda embora em menor proporção do que essa minha, pediu e suplicou aos juízes, com muitas lágrimas, trazendo aqui os filhos, e muitos outros parentes e amigos, a fim de mover a piedade ao seu favor.[...] Eu não farei certamente nada disso, embora vá ao encontro, como se pode acreditar, do extremo perigo. A minha impassibilidade, cidadãos atenienses. diante da minha condenação, entre muitas razões,deriva também desta: eu contava com isto, e até, antes me espanto do número dos dois partidos. [...]” p. 78-79

 

 

“[...] Por mim, não acreditava que a diferença fosse assim de tão poucos, mas de muitos, pois, sesomente trinta fossem da outra parte, eu estaria salvo (nota: dos 501 juízes, 280 a favor e220 contra).De Meleto, ao contrário, estou livre, me parece ainda, e isso é evidente a todos: se AnitoeLicon não viessem aqui acusar-me Meleto teria sido multado em mil dracmas, não tendo obtido oquinto dos votos.[...] Ainda sim, tendo a sugestão de que poderia acabar. [...]” p. 79-80

 

 

“[...] Apenas dizendo ao tribunal que vigia-se seus filhos, para que nãocrescessem tornando-se materialistas, pretensiosos ou inúteis(castigando-os, casocontrario), sendo este seu último e único pedido,completando assim sua defesa.Finalizando, diz ao tribunal que não se alegre por ter livrado Atenas de um perturbador, pois sua execução fará mais mal aos próprios, do que à vítima.Assimsendo, conclui que evitar sua morte seria o mesmo que viver sem virtude.[...] Eles pedem, pois, para mim, a pena de morte. Pois bem, atenienses, que contraproposta vos farei eu? A que mereço, não é assim? Qual, pois? Que pena ou multa mereço eu, que em toda a vida não repousei um momento, mas descuidando daquilo que todos tem em grande conta, a aquisição de riquezas e a administração doméstica.[...]” p. 80-81

 

 

“[...] Estando, pois, convencido de não ter feito injustiça a ninguém, estou bem longe de fazê-la, a mim mesmo e dizer em meu dano ,que mereço um mal, e me assinalar um de tal sorte. Que devo temer? É possível que eu não tenha de sofrer a pena que me assinala Meleto e que eu digo ignorar se será um bem ou mal? E, ao contrário disso, deverei escolher uma daquelas que sei bem ser um mal, e propor-me essa pena? O cárcere? E por que devo viver no cárcere, escravo do magistrado que o preside, escravo dos Onze. [...]” p.81-82

 

Seria, pois, o exílio que deveria propor como pena para mim? É possível que vós me indiquei essa pena. [...] Ah! eu teria verdadeiramente um amor excessivo à vida se fosse irrefletido ao ponto de não ser capaz de refletir nisso: vós que sois meus concidadãos acabastes por não achar meios de suportar meus sermões; estes se tornaram para vós um fardo bastante pesado e detestável para que procurei hoje livrar-vos, serão os meus sermões mais fáceis de suportarpara os outros? Muito longe disso, atenienses! [...]”p. 82-83

 

 

 

“[...]Porque morrer é uma ou outra destas duas coisas: ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência do que quer que seja, ou, como se diz, a morte é precisamente uma mudança de existência e, para a alma, uma migração deste lugar para um outro. Se, de fato,não há sensação alguma, mas é como um sono, a morte seria um maravilhoso presente.  [...]” p. 83-84

“[...] E não seria sem deleite, me parece, confrontar o meu com os

seus casos, e, o que é melhor, passar o tempo examinando e confrontando os de lá com cá, os últimos dos quis tem a pretensão de conhecer a sabedoria dos outros, e acreditam ser sábios e não são. [...]” p. 84-85

 

 

“[...] A que preço, ó juízes, não se consentiria em examinar aquele que guiou o grande exército a Tróia, Ulisses, Sísifo, ou infinitos outros? Isso constituiriam inefável felicidade. Com certeza aqueles de lá mandam a morte por isso, porque além do mais, são mais felizes do que os de cá, mesmo porque são imortais, se é que o que se diz é verdade. [...] p. 85-86

 

 

 

“[...] Mas também vós, ó juízes, deveis ter boa esperança em relação à morte, e considerar esta única verdade: que não é possível haver algum mal para um homem de bem, nem durante sua vida, nem depois da morte, que os deuses não se interessam do que a ele concerne; e que, por isso mesmo, o que hoje aconteceu no que a mim concerne, não é devido ao acaso, mas é a prova de que para mim era melhor morrer agora e ser libertado das coisas deste mundo. Eis também a razão por que a divina voz não me dissuadiu, e por que, de minha parte, não estou zangado com aqueles cujos votos me condenaram, nem contra meus acusadores. [...] p. 86-87

 

 

“[...] Por isto é justo que sejam censurados. Mas tudo o que lhes peço

é o seguinte: Quando os meus filhinhos ficarem adultos, puni-os, é cidadãos, atormentai-os domesmo modo que eu os vos atormentei, quando vos parecer que eles cuidam mais das riquezas oude outras coisas do que da virtude. [...] p. 88

 

“[...] E se acreditarem ser qualquer coisa não sendo nada,reprovai-os, como eu a vós: não vos preocupeis com aquilo que não lhes é devido. [...] p. 89

 

“[...] E se fizerdes isso, terei de vós o que é justo, eu e os meus filhos. Mas, já é hora de irmos:eu para a morte, e vós para viverdes. Mas, quem vai para melhor sorte, isso é segredo, exceto para Deus.” P. 90

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conclusão

 

 Apologia de Sócrates é um texto dividido em três partes. Na primeira, Sócrates examina e fala das acusações sobre ele, retratando sua própria vida, procurando mostrar o verdadeiro significado de sua missão. Dirige aos homens palavras que contestam o enriquecimento sem virtude, afirmando que a riqueza deverá vir através da virtude.

Em outro momento de sua defesa, Sócrates fala com um de seus acusadores, deixando-o bem embaraçado quanto ao significado da acusação corromper a juventude. Demonstra que está sendo acusado por Meleto de algo que este mesmo não sabe ao certo o que significa.

Em nenhum momento de sua defesa, segundo o relato platônico, Sócrates apela para a bajulação ou tenta captar a misericórdia daqueles que o julgavamlinguagem de quem fala em nome da própria consciência e não reconhece em si mesmo nenhuma culpa.

Parece-me não ser justo rogar ao juiz e fazer-se absolver por meio de súplicas; é preciso esclarecê-lo e convencê-lo.Talvez justamente por essas manifestações de altaneira independência de espírito, Sócrates foi condenado.

Após a condenação, Sócrates foi convidado a fixar sua pena.Mas Sócrates, ignorando qualquer sugestão de pena mínima ou mesmo multas, se deixa condenar a morte.

Segunda parte, Sócrates não deixa saída para os juízes. Ou a pena de morte, pedida por Meleto, ou ser alimentado no Pritaneu, enquanto fosse vivo, como herói ou benemérito da cidade.

 A terceira parte é a transcrição das últimas palavras de Sócrates dirigidas aos que o condenaram. Diz, gemendo e lamentando-se. Não foi por falta de discursos que fui condenado, mas por falta de audácia e porque não quis que ouvísseis o que para vós teria sido mais agradável, coisas que considero indignas de mim, coisas que estás habituado a escutar de outros acusados. Nesta altura, Sócrates começa a fazer comparações com a morte, mais difícil que evitar a morte, é evitar o mal.

 Dizia que morte pode ser uma dessas duas coisas. Ou aquele que morre é reduzido ao nada, e não tem mais qualquer consciência, ou então, conforme ao que diz, a morte é uma mudança, uma transmigração da alma do lugar onde nos encontramos para outro. Se a morte é a extinção de todo sentimento, assemelha-se a um desses sonos nos quais nada se vê, mesmo em sonho, então morrer é um ganho maravilhoso. Mas eis a hora de partimos, eu para a morte, vós para a vida. Quem de nós segue o melhor rumo, ninguém o sabe, exceto o deus.

Mas o querido Sócrates teve de esperar trinta dias para sua execução, pois a cidade estaria em festa pela chegada de Teseu que vencera o Minotauro.

Amigos lhe imploram para que ele fugisse na véspera de sua execução, mas o mesmo disse. A única coisa que importa é viver honestamente, sem cometer injustiças, nem mesmo em retribuição a uma injustiça recebida.

 

 

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