PLATÃO, Apologia de
Sócrates. Tradução Jean Melbille. 1. Reimp. São Paulo. Martin Claret, 2004. Pag.(57-
90)
Apologia de Sócrates
“[...] cidadãos
atenienses, [...]; o fato de eles discursarem com tanta convicção fez-me
esquecer de mim mesmo”. [...] Ficar alertas para não serdes enganado pela minha
habilidade de orador. [...] O mérito é dizer a verdade. ’’ p. 57-58
“[...] Porque muitos
de meus acusadores tem vindo ate vos há já bastante tempo,[...]. Mais temíveis
porem são os primeiros , senhores, os quais tomando a maior parte de vós, desde
crianças, vos persuadiam e me acusavam falsamente,[...].
[...] Ora bem,
cidadãos atenienses, devo me defender-me e empenhar-me em eliminar da vossa
mente, em tão breve hora, a má opinião acolhida por vós durante longo tempo.
[...]’’ p. 58-59
“[...] O que diziam
os caluniadores ao caluniar-me. [...] Ata da acusação, Sócrates comete crime,
investigando indiscretamenteas coisas terrenas e as celestes, e tornando mais forte a razão mais débil, e
ensinando aos outros.
[...] Perguntai-vos
uns aos outros se qualquer de vós me ouviu tocar nesses assuntos, por pouco que
fosse, e então reconhecereis que tais são, do mesmo modo, as outras mentiras
que dizem de mim. ’’ p. 59-60
“Na realidade, nada
disso tem fundamento, e, se tendes ouvido de alguém que eu instruo dinheiro com
isso, também não é verdade”.
[...] No entanto o
que é certo é que também eu me sentiria altivo e orgulhoso, se soubesse tais
coisas; o fato é cidadãos atenienses, que não sei. ’’ p. 60-61
“[...] Ouve-me.
Talvez possa parecer a alguns de vós que eu esteja gracejando; entanto não
tenhais dúvida, eu vos direi toda a verdade. Porque eu, cidadãos atenienses, se
conquistei esse nome, foi por alguma sabedoria.
Que sabedoria é essa?
Aquela que talvez, propriamente, a sabedoria humana. É em realidade, arriscando
se sábio nela: aqueles de quem falávamos ainda há pouco seriam sábios de uma
sabedoria mais que humana, ou não sei dizer, pois certamente a desconheço.
[...] p. 61
“Avaliai bem
a razão por que digo isso: estou para demonstrar-vos de onde nasceu a calúnia.
[...]Fui a um daqueles detentores da sabedoria, com a intenção de refutar, sem
duvida, com tais provas, opor-lhe a minha resposta: Este é mais sábio que eu,
enquanto tu dizias que sou eu o mais sábio.[...]Procurei demonstra-lhe
demonstrar-lhe que ele parecia sábio sem ser.Daí veio o ódio dele e de muitos
dos presentes contra mim.[...]” p. 62
“Depois prossegui sem mais me deter, embora vendo,
amargurado e temeroso, que estava sendo odiado; mas, também, me parecia dever
dar mais valor à resposta do Deus. [...] E então cidadãos ateniense, já que é
preciso dizer averdade, me aconteceu o seguinte:procurando segundo o critério do
Deus, pareceu-me que os que tinham mais reputação eram os mais desprovidos, os
outros, considerados ineptos, eram homens mais capazes, quanto à sabedoria.
[...] agora, cidadãos atenienses, eu me envergonho de vos dizer a verdade;
também devo manifestá-la. [...]” p. 62-63
“[...] Outros poetas realmente, eram dotados de
conhecimentos que eu não tinha e eram muito mais sábios do que eu.[...] Assim,
eu ia interrogando a mim mesmo, a respeito do que disse o oráculo,se devia
permanecer como sou, nem sábio, nem ignorante como eles.[...]” p. 63-64
“[...] Por isso, ate agora procuro e investigo
segundo a vontade do Deus, se algum dos cidadãos e dos forasteiros me parece
sábio; e, quando não, indo em auxilio do Deus, demonstro-lhe que não é
sábio.[...]Sócrates introduzindo parte para sua defesa, respondendo à duasacusações
distintas.A primeira, mais antiga e ampla(temendo mais esta do que asegunda) e a segunda, atual,
feita por três acusadores presentes no tribunal. Entre estes, surgiram-se
contra mim Meleto, Anito e Líncon. [...]” p. 64-65
“[...] Sendo “a mais antiga”, a primeira, um compêndio de
queixas contra sua conduta queforam acumuladas através dos anos, na qual é tido
como um criminoso por conta desuas
“visões” difundidas. [...]” p. 65-66
“[...] Declarando tais acusações proferidas falsas,
defende-se citando acomédia de
Aristófanes. [...] As Nuvens, na qual diz poder andar pelo ar, o
que não contribuiu muito para sua, já, má reputação.
[...] Ainda dizia-se, outro rumor, que este investigava matérias
sobrenaturais, da qual sedefendeu dizendo nunca ter se interessado por ciências
práticas(apesar de admirar físicos, não considerando-os
maldosos em seu trabalho) e sim que suas maiores preocupações versavam sobre a conduta moral e
a felicidade da alma.[...]” p. 66-67
“[...] Depois de dito isto, concentra-se em acusações
mais específicas por Meleto, seu principal acusador, interrogando-o sobre
a acusação de que seria um demônio, um ateu que procurava criar os seus deuses.
Fazendo-o de forma simples e direta, faz com que Meleto confunda seu próprio
discurso, tornando-se evidente, para todos os presentes no tribunal, que este
não tinha formulado bem suas acusações e nem seus possíveis desdobramentos.
[...]Meleto confunde-se novamente ao parecer acusar Sócrates de ser ateu, como
de inventar novos deuses. [...]” p.
67-68
“[...]Feito isto, eu parto para outro
importante questionamento, julgando o próprio que deveria alterar seu
estilo de investigação e ensino para com que afastasse sua execução.[..] Comparando
sua situação com seu comportamento notório em campos de batalha, em tempos
que servia o exército, assim sendo julga a morte preferível a desgraça,
escolhendo viver de acordo com seus ideais e deuses, do que fazer o contrário e
descumprir a sua missão de filósofo. [...]” p. 68-69
“[...] Tendo que a verdadeira
desgraça seria descumprir tudo o que acreditava, desobedecendo aos deuses,
para salvar sua própria existência,tem como caminho escolhido, aquele que o
conduziria à verdade, à sabedoria e ao“maior aperfeiçoamento da alma. [...] Assim,
não desonrando seus princípios,jamais faria outra coisa, ainda que houvesse mil
vezes e aos Atenienses dizendo que oabsolvam ou não, mas que por certo não.
[...]” p. 69-70
“[...]Ainda diz aos seus
discípulos, àqueles que se sentissem corrompidos, que se juntassem a Meleto e Anito
no dia de sua acusação. [...] Porém, entre seus alunos estavam os seusmelhores
amigos e defensores, visto que vários estavam ali em seu favor e assistência.
[...] p. 70-71
“[...] Mas, apesar deste tipo de
assistência, recusava a presença de sua família, por julgar quea simpatia desta
poderia “ajudá-lo” na opinião dos juízes(como uma forma deconcorrência
desleal), tendo como única verdade a sua defesa.[...]” p. 71-72
“[...] Surpreendido com tantos
votos a seu favor, após o fim de seu discurso,tantosvotos que poderia propor
pena alternativa segundo as leis ateniensesmultas, ostracismo, etc.[...] Prefere,
e acaba por requerer ao tribunal, que lhes apresente uma sentença naqual seja
alimentado pelo estado, rejeitando as óbvias penas alternativas, visto
quededicou a sua vida à educação dos jovens e ao serviço público. [...] p.
72-73
“[...] Mesmo se me dissésseis;
Sócrates, agora não damos crédito a Anito, mas te absolveremos, contanto que
não te ocupes mais dessas tais pesquisas e de filosofar, porque, se fordes
apanhado ainda a fazer isso, morrerás; se, pois, me absolvêsseis sob tal
condição, eu vos diria. [...] Cidadãos atenienses, eu vos respeito e vos amo,
mas obedecerei aos deuses em vez de obedecer a vós e enquanto eu respirar e
estiver na posse de minhas faculdades, não deixarei de filosofar e de vos
exortar ou de instruir cada um, quem quer que seja que vier à minha presença.
[...]” p. 73-74
“[...] È possível que vós,
irritados como aqueles que são despertados quando no melhor do sono,
repelindo-me para condescender com Anito, levianamente me condeneis à morte, para
dormirdes o resto da vida, salvo se o Deus, pensando em vós mandar algum outro.
[...] Que eu seja um homem cujaqualidade é de ser um dom feito pelo Deus a
cidade, podereis deduzir o seguinte: não é natural do homem eu ter descuidado
das minhas coisas, resignando-me por tantos anos a me descuidar dos negócios
domésticos para acudir sempre aos vossos, aproximando-me sempre de cada um de
vós em particular como um pai ou um irmão velho, persuadindo-vos a vos
preocupardes com a virtude.[...] p. 74-75
Poderia talvez parecer estranho
que eu, andando daqui para lá, me cansasse dando em particular esses conselhos,
e depois, em público,não ousasse, subindo diante do vosso povo, aconselhar a
cidade. [...] A causa disse é a que em vaias circunstâncias eu vos disse muitas
vezes: a mim me acontece qualquer coisa de divino e demoníaco; isso justamente
Meleto escreveu também no ato da acusação zombando de mim. [...]”p. 75-76
“[...] Disso vos
poderei dar grandes provas, não palavras, mas o que prezei: fatos. Ouvi, pois,
de minha boca, o que me aconteceu, para que não saibais que não há ninguém a
quem eu tenha feito concessões com desprezo da justiça e por medo da morte; e
que, ao mesmo tempo, por essa recusa de toda concessão deverei morrer.
Dir-vos-ei talvez coisas comuns, masverdadeiras. [...] E, embora osoradores estivessem
prontos a me acusar e me prender, e vós os encorajásseis vociferando,mesmo
assim, achei que me convinha mais correr perigo com a lei e com o que era
justo, do que,por medo do cárcere e da morte, estar convosco, vós que
deliberáveis o injusto.[...]” p. 76-77.
“[...]
Cidadãos atenienses, eu já vos disse toda a verdade: é porque tomam gosto em
ouvir examinar aqueles que acreditam ser sábio e não o são; não é de fato coisa
desagradável. E,como disse, foi o deus que me ordenou a fazê-lo, com oráculos,
com sonhos, e com outros meios,pelos quais algumas vezes a divina a vontade
ordena a um homem que faça o que quer que seja.[...]Tudo isso, cidadãos
atenienses, é verdade e fácil de provar. Com efeito, suponhamos que, entre
os
jovens, há alguns que estou corrompendo e outros que já corrompi: seria
aparentemente inevitável que alguns destes, quando tiveram mais idade,
compreendessem que eu lhes tinha alguma vez aconselhado uma ação má - e hoje
deveriam estar aqui para me acusar e vingar-se de mim.[...]” p.77-78
“Assim seja, ó
cidadãos: é mais ou menos isso que eu poderei dizer em minha defesa ou qualquer
coisa semelhante”. Provavelmente, porém, algum de vós poderá ficar
encolerizado, recordando-se de si mesmo. Sustentou-se uma contenda embora em
menor proporção do que essa minha, pediu e suplicou aos juízes, com muitas
lágrimas, trazendo aqui os filhos, e muitos outros parentes e amigos, a fim de
mover a piedade ao seu favor.[...] Eu não farei certamente nada disso, embora
vá ao encontro, como se pode acreditar, do extremo perigo. A minha
impassibilidade, cidadãos atenienses. diante da minha condenação, entre muitas
razões,deriva também desta: eu contava com isto, e até, antes me espanto do
número dos dois partidos. [...]” p. 78-79
“[...] Por mim, não
acreditava que a diferença fosse assim de tão poucos, mas de muitos, pois,
sesomente trinta fossem da outra parte, eu estaria salvo (nota: dos 501 juízes,
280 a favor e220 contra).De Meleto, ao contrário, estou livre, me parece ainda,
e isso é evidente a todos: se AnitoeLicon não viessem aqui acusar-me Meleto
teria sido multado em mil dracmas, não tendo obtido oquinto dos votos.[...] Ainda sim, tendo a sugestão
de que poderia acabar. [...]” p. 79-80
“[...] Apenas dizendo ao tribunal
que vigia-se seus filhos, para que nãocrescessem tornando-se materialistas,
pretensiosos ou inúteis(castigando-os, casocontrario), sendo este seu último e
único pedido,completando assim sua defesa.Finalizando, diz ao tribunal que não
se alegre por ter livrado Atenas de um perturbador, pois sua execução fará
mais mal aos próprios, do que à vítima.Assimsendo, conclui que evitar sua morte
seria o mesmo que viver sem virtude.[...] Eles pedem, pois, para mim, a pena de
morte. Pois bem, atenienses, que contraproposta vos farei eu? A que mereço, não
é assim? Qual, pois? Que pena ou multa mereço eu, que em toda a vida não
repousei um momento, mas descuidando daquilo que todos tem em grande conta, a
aquisição de riquezas e a administração doméstica.[...]” p. 80-81
“[...] Estando, pois,
convencido de não ter feito injustiça a ninguém, estou bem longe de fazê-la, a
mim mesmo e dizer em meu dano ,que mereço um mal, e me assinalar um de tal
sorte. Que devo temer? É possível que eu não tenha de sofrer a pena que me
assinala Meleto e que eu digo ignorar se será um bem ou mal? E, ao contrário
disso, deverei escolher uma daquelas que sei bem ser um mal, e propor-me essa
pena? O cárcere? E por que devo viver no cárcere, escravo do magistrado que o
preside, escravo dos Onze. [...]” p.81-82
Seria, pois, o exílio
que deveria propor como pena para mim? É possível que vós me indiquei essa
pena. [...] Ah! eu teria verdadeiramente um amor excessivo à vida se fosse
irrefletido ao ponto de não ser capaz de refletir nisso: vós que sois meus
concidadãos acabastes por não achar meios de suportar meus sermões; estes se
tornaram para vós um fardo bastante pesado e detestável para que procurei hoje
livrar-vos, serão os meus sermões mais fáceis de suportarpara os outros? Muito
longe disso, atenienses! [...]”p. 82-83
“[...]Porque morrer é
uma ou outra destas duas coisas: ou o morto não tem absolutamente nenhuma
existência, nenhuma consciência do que quer que seja, ou, como se diz, a morte
é precisamente uma mudança de existência e, para a alma, uma migração deste
lugar para um outro. Se, de fato,não há sensação alguma, mas é como um sono, a
morte seria um maravilhoso presente.
[...]” p. 83-84
“[...] E não seria
sem deleite, me parece, confrontar o meu com os
seus casos, e, o que
é melhor, passar o tempo examinando e confrontando os de lá com cá, os últimos
dos quis tem a pretensão de conhecer a sabedoria dos outros, e acreditam ser
sábios e não são. [...]” p. 84-85
“[...] A que preço, ó
juízes, não se consentiria em examinar aquele que guiou o grande exército a
Tróia, Ulisses, Sísifo, ou infinitos outros? Isso constituiriam inefável
felicidade. Com certeza aqueles de lá mandam a morte por isso, porque além do
mais, são mais felizes do que os de cá, mesmo porque são imortais, se é que o
que se diz é verdade. [...] p. 85-86
“[...] Mas também
vós, ó juízes, deveis ter boa esperança em relação à morte, e considerar esta
única verdade: que não é possível haver algum mal para um homem de bem, nem
durante sua vida, nem depois da morte, que os deuses não se interessam do que a
ele concerne; e que, por isso mesmo, o que hoje aconteceu no que a mim
concerne, não é devido ao acaso, mas é a prova de que para mim era melhor
morrer agora e ser libertado das coisas deste mundo. Eis também a razão por que
a divina voz não me dissuadiu, e por que, de minha parte, não estou zangado com
aqueles cujos votos me condenaram, nem contra meus acusadores. [...] p. 86-87
“[...] Por isto é
justo que sejam censurados. Mas tudo o que lhes peço
é o seguinte: Quando
os meus filhinhos ficarem adultos, puni-os, é cidadãos, atormentai-os domesmo
modo que eu os vos atormentei, quando vos parecer que eles cuidam mais das
riquezas oude outras coisas do que da virtude. [...] p. 88
“[...] E se
acreditarem ser qualquer coisa não sendo nada,reprovai-os, como eu a vós: não
vos preocupeis com aquilo que não lhes é devido. [...] p. 89
“[...] E se fizerdes
isso, terei de vós o que é justo, eu e os meus filhos. Mas, já é hora de
irmos:eu para a morte, e vós para viverdes. Mas, quem vai para melhor sorte,
isso é segredo, exceto para Deus.” P. 90
Conclusão
Apologia de Sócrates é um texto dividido em
três partes. Na primeira, Sócrates examina e fala das acusações sobre ele,
retratando sua própria vida, procurando mostrar o verdadeiro significado de sua
missão. Dirige aos homens palavras que contestam o enriquecimento sem virtude,
afirmando que a riqueza deverá vir através da virtude.
Em outro
momento de sua defesa, Sócrates fala com um de seus acusadores, deixando-o bem
embaraçado quanto ao significado da acusação corromper a juventude. Demonstra
que está sendo acusado por Meleto de algo que este mesmo não sabe ao certo o
que significa.
Em nenhum
momento de sua defesa, segundo o relato platônico, Sócrates apela para a
bajulação ou tenta captar a misericórdia daqueles que o julgavamlinguagem de
quem fala em nome da própria consciência e não reconhece em si mesmo nenhuma
culpa.
Parece-me
não ser justo rogar ao juiz e fazer-se absolver por meio de súplicas; é preciso
esclarecê-lo e convencê-lo.Talvez justamente por essas manifestações de
altaneira independência de espírito, Sócrates foi condenado.
Após a condenação, Sócrates foi convidado a fixar sua pena.Mas Sócrates,
ignorando qualquer sugestão de pena mínima ou mesmo multas, se deixa condenar a
morte.
Segunda
parte, Sócrates não deixa saída para os juízes. Ou a pena de morte, pedida por
Meleto, ou ser alimentado no Pritaneu, enquanto fosse vivo, como herói ou
benemérito da cidade.
A terceira parte é a transcrição das últimas
palavras de Sócrates dirigidas aos que o condenaram. Diz, gemendo e lamentando-se.
Não foi por falta de discursos que fui condenado, mas por falta de audácia e
porque não quis que ouvísseis o que para vós teria sido mais agradável, coisas
que considero indignas de mim, coisas que estás habituado a escutar de outros acusados.
Nesta altura, Sócrates começa a fazer comparações com a morte, mais difícil que
evitar a morte, é evitar o mal.
Dizia que morte pode ser uma dessas duas
coisas. Ou aquele que morre é reduzido ao nada, e não tem mais qualquer
consciência, ou então, conforme ao que diz, a morte é uma mudança, uma
transmigração da alma do lugar onde nos encontramos para outro. Se a morte é a
extinção de todo sentimento, assemelha-se a um desses sonos nos quais nada se
vê, mesmo em sonho, então morrer é um ganho maravilhoso. Mas eis a hora de
partimos, eu para a morte, vós para a vida. Quem de nós segue o melhor rumo,
ninguém o sabe, exceto o deus.
Mas o
querido Sócrates teve de esperar trinta dias para sua execução, pois a cidade
estaria em festa pela chegada de Teseu que vencera o Minotauro.
Amigos
lhe imploram para que ele fugisse na véspera de sua execução, mas o mesmo
disse. A única coisa que importa é viver honestamente, sem cometer injustiças,
nem mesmo em retribuição a uma injustiça recebida.
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